Criminosos que mataram policial penal pretendiam explodir presídio no Ceará e resgatar presos, aponta inquérito
31/01/2025
Três suspeitos do crime morreram em confronto com a polícia e outro quatro foram presos. Policial penal morto em emboscada em Fortaleza foi confundido com membro de facção rival
Os integrantes do grupo criminoso que mataram o policial penal Wendesom Rodrigues de Lima, de 37 anos, durante uma emboscada no Centro de Fortaleza, pretendiam explodir a Ala de Segurança Máxima da Unidade Prisional Itaitinga 03, na Região Metropolitana, para resgatar presos do local.
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A informação é do inquérito policial que investiga o crime, o qual o g1 teve acesso. Três suspeitos do crime foram mortos durante confronto com a Polícia Militar na noite desta quinta-feira (30), na comunidade do Oitão Preto, Bairro Moura Brasil, na capital cearense.
Outros quatro já haviam sido capturados entre terça (28) e quarta-feira (29), em diferentes bairros da cidade.
Plano de facção criminosa
Policial penal José Wendesom Rodrigues de Lima foi morto a tiros em Fortaleza
Reprodução
De acordo com as investigações, a Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará recebeu informações de que um grupo de integrantes da facção criminosa Comando Vermelho realizaram um "consórcio" para resgatar presos que estavam na segurança máxima da unidade prisional cearense.
A parceria consistia da união entre faccionados do Ceará e do Pará, com um grupo de 25 homens, que utilizariam de 15 a 20 fuzis, visando explodir a unidade prisional cearense. Para isso, indivíduos do estado do Pará estavam vindo, paulatinamente, ao Ceará.
Entre as pendências para a concretização do plano, conforme apurado pela polícia, estava a chegada do homem que iria manusear os explosivos.
Criminosos que mataram policial penal pretendiam explodir presídio no Ceará e resgatar presos, aponta inquérito
Reprodução/ TVM
Para averiguar essas informações, o policial penal Wendesom Rodrigues e outro agente utilizaram uma viatura descaracterizada e fizeram campana em frente a uma pousada nas proximidades da Avenida Monsenhor Tabosa, no Centro de Fortaleza, onde os criminosos se refugiavam.
Contudo, durante a operação, o veículo dos policiais penais foi atacado a tiros pelos criminosos, que estavam em outro carro. Wendesom foi baleado, chegou a ser socorrido, mas não sobreviveu aos ferimentos.
Já o outro agente, que estava no banco de trás da viatura descaracterizada, não ficou ferido e conseguiu reagir, baleando um dos criminosos. Mesmo ferido, o indivíduo fugiu com os comparsas, porém foi capturado um dia depois.
Criminoso recebeu atendimento em comunidade
Paraense Will Pessoa da Silva, de 25 anos, foi preso por suspeita de matar um policial penal em Fortaleza.
Reprodução
A polícia acredita que no veículo que atacou os policiais penais estavam Wellison Gonçalves da Silva (conhecido como "Pica-Pau" ou "Matheus"), James Heyller Gola Souza (“Lorim Dinamite") e Will Pessoa da Silva (“Davi”).
Will, que é paraense, foi a pessoa ferida pelo agente que reagiu durante o ataque. Ele levou três tiros, sendo um no peito, um na axila e um na perna. Ele foi preso um dia depois do crime, em um flat no Bairro Mucuripe.
Em depoimento, James Heyller, que também foi capturado, disse que após o ocorrido deixou Will na comunidade do “Oitão Preto”, no Bairro Moura Brasil. No local, o suspeito foi atendido por uma enfermeira que mora na comunidade e, após os primeiros-socorros, fugiu em uma moto.
Presos pelo crime
Will Pessoa da Silva, de 25 anos, natural de Santarém, no Pará, foi capturado quarta-feira (29), em um flat no Bairro Mucuripe. Ele foi autuado por homicídio qualificado e é apontado como um dos que atirou contra o policial penal que morreu. Ele já tinha antecedentes criminais por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Só em 2024, Will foi preso duas vezes. A primeira em abril, em Goiás, quando foi flagrado pela PRF transportando 54 quilos de drogas. A última prisão foi em dezembro, durante uma operação da Polícia Civil do Pará que investigou um esquema de tráfico de drogas liderado por ele.
James Heyller Gola Souza, de 23 anos, natural do Pará. Foi preso na terça-feira (28), horas após o crime, quando tentava fugir em um carro. Ele foi abordado pelos agentes na Rua VitalBrasil, no Bairro Bonsucesso. Foi autuado por homicídio qualificado. No momento da abordagem, ele confessou aos agentes que dirigiu o veículo usado no crime contra o policial penal, porém, investigações da polícia apontam que ele também teria atirado.
Isaac Lucas Oliveira de Azevedo, 29 anos, natural do Pará. Foi preso na terça-feira (28), horas após o crime, em uma pousada na Av. Monsenhor Tabosa, no Centro. No local, os agentes apreenderam com ele 10 quilos de cocaína, 15 gramas de maconha, 400 munições de fuzil, 60 munições de pistola, quatro maletas para guardar pistola, entre outros materiais. Ele foi autuado por tráfico de drogas e o porte ilegal de munições de uso restrito. Para a polícia, Isaac é membro de um grupo criminoso com “grande poderio bélico e financeiro” que atuou junto aos homens que mataram o policial penal.
Nonato Lopes dos Santos, 31 anos, natural do Amazonas. Foi preso na terça-feira, em uma pousada na Rua Baturité, onde ele trabalhava. Os agentes apreenderam com ele uma pistola, um revólver, 154 munições de pistola, revólver e fuzil. Foi autuado por porte ilegal de arma de fogo. Conforme investigações da polícia, Nonato dava apoio ao grupo criminoso envolvido na morte do policial penal. Além disso, era integrante do Comando Vermelho e trabalhava para a pessoa de apelido "Pica-Pau", apontado como um dos executores do policial penal. Ele já possuía antecedentes por tráfico de drogas no Amazonas.
A polícia não divulgou a identificação oficial dos criminosos mortos em confronto com policiais militares. O g1 apurou que são dois homens e uma mulher, os três naturais do Amazonas.
Com a operação desta quinta e as prisões de quatro homens, que levaram a apreensões de armas, drogas e munições, a polícia considera que o caso da morte do policial penal está elucidado.
Após morte de policial, polícia apreendeu drogas e munições em pousada usada por suspeitos
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