Modelo denuncia fake news de que adotava gatos para alimentar cobra usada em ensaio fotográfico

  • 03/07/2025
(Foto: Reprodução)
Luan Vinycius foi atacado nas redes sociais por um caso que chamou de “calúnia, difamação e racismo religioso”. A Polícia Civil investiga o caso. Modelo sofre ameaças após fake news de que ele adotava gatos filhotes para alimentar cobra usada em ensaio. Redes sociais/Reprodução O modelo Luan Vinycius, de 23 anos, denunciou ter sofrido ameaças após ser vítima de fake news em grupos de WhatsApp. Luan, que é de Fortaleza, participou de um ensaio fotográfico em que aparece com uma cobra. As imagens foram compartilhadas em grupos de protetores animais, com uma mensagem alegando que ele adotava filhotes de gatos para alimentar a cobra. ✅ Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp “Fui surpreendido com a disseminação de uma montagem racista que utilizava uma obra minha — um trabalho audiovisual artístico, que celebra a ancestralidade e a espiritualidade através da figura sagrada da cobra”, explicou o artista visual. “Essa imagem foi retirada de contexto, distorcida e usada como munição em fake news que me acusavam de envolvimento com práticas criminosas, configurando tentativa óbvia de marginalizar minha existência e minha presença pública como pessoa negra, religiosa e atuante em tradições de matriz africana”, lamentou Luan. O modelo denunciou à Polícia Civil as ameaças que sofreu por meio das redes sociais. Em nota, a corporação informou que investiga as circunstâncias de uma denúncia de ameaça praticada em ambiente virtual. A Polícia Civil disse seguir com as investigações do caso em andamento. “Fui chamado de criminoso, de demônio, de psicopata, recebi xingamentos, tentativas de intimidação e até insinuações de violência física como em áudios que falavam que iriam arrancar minha cabeça e meu órgão genital para dar para cobras comerem”, revelou o artista. Luan Vinycius trabalha como modelo e artista visual em Fortaleza. Redes sociais/Reprodução Luan chegou a receber o contato de uma pessoa que teria iniciado a disseminação da fake news sobre ele. O modelo falou que não conhece e nunca teve interação com a pessoa. “Tudo indica que foi uma ação intencional, uma tentativa deliberada de manipular minha imagem e deturpar o sentido da minha arte”, disse. VEJA TAMBÉM: VÍDEO: Denúncias de racismo aumentam no Ceará Templo maçônico é atacado com coquetéis molotov em Fortaleza “Sinto indignação, repulsa, cansaço e a certeza da potência da minha arte. Minha atuação como modelo e diretor criativo não são apenas expressão estética — é também denúncia, resistência e afirmação. Marginalizar meu corpo dentro dessa composição é um ato coletivo de racismo”, reforçou o modelo. “Eu carrego não só o trauma desse ataque, mas o eco de todas as outras vezes em que pessoas como eu foram desfiguradas socialmente por ousarem existir fora da norma. Não tenho medo mas tenho consciência. Sei exatamente o que representa um corpo preto afirmando sua espiritualidade em público. E sei que minha arte é perigosa para um sistema que depende do nosso apagamento para continuar existindo”, complementou o artista. Racismo religioso Racismo religioso: entenda o preconceito envolvendo raça e credo. Nas redes sociais, Luan expôs o caso — que classificou como calúnia, difamação e racismo religioso. “Um apagamento sistemático dos saberes não-brancos, uma tentativa de silenciar corpos, vozes, imagens e símbolos que carregam a força de nossas raízes africanas e afro-indígenas”, disse o modelo. O professor de antropologia, Ozaias Rodrigues, explicou que o conceito de racismo religioso engloba violências físicas, simbólicas, materiais e imateriais. “É uma espécie de aprimoramento do conceito de intolerância religiosa para dizer que o componente étnico-racial negro ou indígena que está presente nessas religiões é exatamente aquilo que é atacado, é aquilo que está sendo violentado”, disse. “Então, o racismo religioso é esse conjunto de violências contra essas religiões, que leva em consideração exatamente o fato de que elas derivam de populações negras e indígenas, para serem afetadas por esse tipo de violência”, reforçou o pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso. Entre as características, estão a associação de elementos das religiões de matrizes africanas (bem como os praticantes) a “algo demoníaco”. “As pessoas podem ouvir palavras de ofensa contra a sua religião, geralmente, e essa é uma das principais características do racismo religioso, é associar essas religiosidades a coisas demoníacas”, explicou Ozaias. “Associar, inclusive, também essas pessoas que são de religiosidades afro e afro-indígenas a pessoas nas quais você não pode confiar, pessoas nas quais você tem uma certa desconfiança exatamente pelo fato de elas fazerem parte dessa religiosidade, ou então dificultar ali no ambiente de trabalho, até no ambiente de estudo, a participação dessa pessoa na integração nesses espaços”, complementou o professor universitário. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/07/03/modelo-denuncia-fake-news-de-que-ele-adotava-gatos-filhotes-para-alimentar-cobra-usada-em-ensaio-fotografico.ghtml


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