Por que os homens têm mais resistência em cuidar da saúde?

  • 08/11/2025
(Foto: Reprodução)
Por que os homens resistem tanto em ir ao médico? Uma combinação perigosa de fatores culturais e educacionais faz com que os homens negligenciem sua saúde com muito mais frequência do que as mulheres, resultando em diagnósticos tardios e mortes precoces que poderiam ser evitadas. A conclusão é baseada em especialistas ouvidos em reportagem do CETV (assista no vídeo acima). Siga o canal do g1 Ceará no WhatsApp A imagem do homem como uma figura "forte, viril e provedora da família", construída ao longo de séculos, cria uma percepção cultural de que eles não podem demonstrar fraqueza. No século 21, esse sentimento se reflete diretamente no descaso com a saúde. A teimosia masculina em procurar ajuda médica foi trágica para Maria Luísa. Ela é viúva há cinco anos, foi casada por mais de 30 anos e, nesse período, viu o marido, Aladim, ir ao médico apenas três vezes. Ele morreu aos 64 anos vítima de um infarto seguido de um AVC. Ela relembra a resistência do marido: "Um dia a gente enganou ele, dizendo que ia levar ele para o shopping. Entrou em desespero dentro do carro. 'Para, para esse carro, se vocês não pararem, eu vou pular, porque vocês não estão me levando para o shopping, vocês estão me levando para o médico'", lembra a viúva. Para Maria Luísa, as consequências das decisões do marido deixaram sequelas em sua vida até hoje. "Eu não tinha noção que eu ia perder meu marido tão rápido. Me preparei para receber outro diagnóstico, não diagnóstico de morte", desabafa. Dados alarmantes e a falta do atendimento primário Homens que adotam hábitos saudáveis relatam melhorias na qualidade de vida TV Verdes Mares/Reprodução Essa aversão ao consultório tem impacto direto nas estatísticas. Quando se fala em doenças crônicas não transmissíveis, os homens morrem 50% mais do que as mulheres por problemas respiratórios (pneumonia e asma grave por exemplo) 40% mais por problemas vasculares (infarto, trombose e AVC). Um dos motivos centrais para isso é que os homens raramente buscam o atendimento primário, como os postos de saúde. Rui de Gouveia, gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica, explica que o Ministério da Saúde enxerga o problema como "socioeducativo", demandando um trabalho de conscientização. "Aqui no Nordeste a gente tem ainda muito essa cultura, a cultura do sertanejo, a cultura daquele homem forte. E, às vezes, ele não se dá o direito de ficar um pouco mais frágil", comenta Rui. "É importante a gente entender que nosso corpo, nós seres humanos, precisamos de cuidado." Benefícios da mudança O engenheiro civil Lucas Moraes admitiu que mergulhou de cabeça no trabalho, parou de se cuidar, engordou e abandonou os exercícios. Foram necessários alertas da família para que ele percebesse a mudança. "Teve um empurrão da família também, de me chamar a atenção, puxar a orelha mesmo, para lembrar quem eu era", conta Lucas. "Quando você está naquela rotina de trabalho... você não se percebe mudando e prejudicando a própria vida. Realmente precisou de alguém externo." Depois de um choque com os resultados de exames, Lucas mudou completamente sua rotina. Agora, faz exames a cada seis meses, tem acompanhamento nutricional e a atividade física é parte fundamental do seu dia. Conscientização é a palavra-chave Especialistas ouvidos pelo CETV destacam que a busca preventiva continua sendo a melhor forma de se cuidar. Em Fortaleza, conforme a Secretaria Municipal de Saúde, foram realizados cerca de 3,6 milhões de atendimentos na atenção primária a homens entre janeiro e agosto deste ano. Rui de Gouveia ressalta que a ideia do Novembro Azul, inicialmente focada no câncer de próstata, evoluiu. "Gradativamente, ao longo dos anos, a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza começou a mudar essa visão e realmente tentar trazer o homem para o autocuidado, fazer com que o homem perceba a necessidade de se cuidar, o homem entender que cuidar da sua saúde também envolve ajudar a cuidar da saúde dos outros." Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/11/08/por-que-os-homens-tem-mais-resistencia-em-cuidar-da-saude.ghtml


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